terça-feira, 8 de março de 2016

8 de Março,Dia Internacional da Mulher - Por Todas Lutamos!



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Reafirmamos alto e em bom som que nesta data nos mobilizamos enfaticamente pela luta das mulheres por seus direitos! Nela, homenageamos as 129 operárias de Nova Iorque, mortas e queimadas, em reivindicação por melhores salários e condições de trabalho, nos idos de 1857.

De lá para cá, não temos mulheres mortas às portas das fábricas, mas temos mortes e mais mortes delas por falta de direitos à saúde, à educação, ao empoderamento, daí nossas homenagens a estas também.

O quadro de educação deficitária ou da falta dela, de cultura do machismo e sua reafirmação nos levam a números exagerados de mortes de mulheres que não têm força física e emocional para se contrapor à violência masculina física e psicológica. Vejamos alguns números do Mapa da Violência:

08 de março1.jpg• Femicídios – Em 2012, houve 4.719 mortes por meios violentos (4,7 assassinatos por 100 mil mulheres), sendo que 38% foram mortas pelos parceiros. Num universo de 84 países, o Brasil ocupa o 7º lugar! Se não houver mudança, até 2050, 330 mil de nossas mulheres serão assassinadas.

08 de março 4.pngO Brasil é o país que mais mata travestis e mulheres trans no mundo. Mata quatro vezes mais do que o México, o segundo mais violento. “Essas pessoas nunca foram tratadas como cidadãs, sempre foram empurradas para as ruas pelas famílias, pela escola e pela sociedade. Queremos tratá-las como gente, com a opção de se prostituir ou não” – afirma Rogério Sottili, secretário de Direitos Humanos do município de São Paulo.

08 de março 3.jpgSegundo aONU Mulheres, ‘existe uma combinação cruel entre sexismo e racismo’: só em 2013 foram mortas 66,7% mais mulheres negras do que brancas. A exploração sexual de mulheres e meninas indígenas é um problema crescente. Pesquisa realizada pelo  DataSenado, naquele ano, identificou que 13,5 milhões de mulheres já haviam sofrido algum tipo de agressão. Saúde, segurança pública, justiça, educação, trabalho, habitação, assistência social, entre outras áreas enfrentam juntas esta questão ou nunca avançaremos para reduzir tais índices.

• Mortalidade Materna – Em 2013, 65 mil mulheres morreram no Brasil por hemorragia, hipertensão, infecção e aborto. A altíssima taxa de cesáreas, o excesso de intervenções desnecessárias, a falta de treinamento de equipes especializadas e a proibição do aborto são alguns dos fatores apontados como barreiras para que o risco diminua mais no país.

De todos os fatores de risco, o aborto é o que menos depende do sistema de saúde, esbarrando na legislação que só permite o procedimento em caso de estupro, feto anencéfalo ou risco à saúde da mulher.

As projeções variam, mas estima-se que entre 800 mil e 1,2 milhão de mulheres fazem abortos a cada ano, em casa ou em clínicas clandestinas. E dia sim, dia não, uma mulher morre porque o procedimento deu errado.
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• Empoderamento – Empoderamento significa a mulher apropriar-se de seu direito de existir na sociedade, ter voz ativa em todas as instituições de governança participando em igualdade com os homens no diálogo público e nas tomadas de decisão além de influenciar naquelas que irão determinar o futuro de suas famílias e de seus países. Os esforços mundiais e nacionais para incluir a igualdade de gênero e o empoderamento feminino nas ações para redução da pobreza, construção da governabilidade democrática, prevenção de crises e recuperação e promoção do desenvolvimento sustentável têm que ser prioridades governamentais.
Luta por seus direitos quem os reconhece, mas acima de tudo quem se reconhece como digno deles. A educação permanece como o único caminho seguro para aí chegar. A consciência da cidadania, o conhecimento de seus direitos por sua inclusão social, a educação da sociedade para que considere a mulher e a respeite abre portas e facilita o árduo caminho a ser percorrido.

Empoderamento passa também pelo conceito de cidades mais democráticas, mais inclusivas. Cidades que considerem o poder econômico das mulheres, seu papel de chefe de família, seu direito de ir e vir, de se preparar e aos seus para uma vida digna e prazerosa partilhando suas escolhas, suas dores e suas alegrias com seus companheiros, seus filhos, seus idosos...

Enfim, mais um 8 de Março que atravessamos, um dia de reflexões pelas mortes das operárias americanas de 1857, e das milhares de mortes de mulheres de todas as idades, de todas as seitas, de todas as cores que mancham impiedosamente a democracia brasileira com a falta de direitos civis e cidadania aos brasileiros e às brasileiras indistintamente.
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Mas nós acreditamos! Acreditamos na política e no seu poder de transformação. Não deixaremos que nenhum dos direitos conquistados com muita luta se perca nas cabeças do Legislativo mais conservador dos últimos tempos. Nem se perca no meio desta crise sem precedentes. Vamos continuar acolhendo a ideia de que princípios éticos e sociais e política se misturam. Continuaremos nossa luta! Ela é nobre! Ela é possível! Mulheres e direitos são sinônimos!


Coordenação Nacional de Mulheres do PPS
Brasília, 8 de Março de 2016


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