quarta-feira, 30 de março de 2016

A República patriarcal está nua!


Nosso país está chorando, como nunca. Um choro pela gravíssima crise política, econômica e ética que está vivendo. Um choro forte pela perda de emprego para quase dez milhões de homens e mulheres, assim como um choro de tristeza pela inflação que está tirando os ganhos dos brasileiros e minando suas parcas economias. O impacto dessa crise nas pautas das mulheres provoca muito mais do que lágrimas. Provoca soluços altos porque afeta as famílias por inteiro. Afeta os adultos, as crianças, os idosos, os doentes...
Mascarar esta gravíssima crise política, econômica e ética colocando a culpa na Operação Lava-Jato é ainda parte do delírio e mau-caratismo de figura pública que deveria saber qual seu papel na história e não manchá-lo com a vergonha da mentira e do escárnio! A Operação Lava-Jato é a única coisa que está levantando o astral dos brasileiros e das brasileiras. Mostra que podem ter esperanças de vivenciar uma prática política republicana num futuro próximo. Entretanto, este governo que insiste em não ver a constitucionalidade aflorada na possibilidade de impedimento da presidente, tenta barrar as investigações de todas as formas.
Todas nós que clamamos por uma sociedade democrática defensora do combate à corrupção, precisamos ficar atentas para que as instituições não sejam golpeadas por pedaladas jurídicas.
Não devemos nos iludir com um prazo muito curto, mas podemos nos iludir com o início de um processo de politização que levará responsabilidade a todo o povo por mais participação e mais fiscalização no trato da coisa pública. Achamos que uma linha de corte na sociedade em relação à educação política é muito bem-vinda: em breve nossa história poderá estar marcada por um antes e um depois da Operação Lava-Jato.
Um item gravíssimo que ainda não temos condições de avaliar é o imaginário construído do papel das mulheres na política. Nós mulheres não estávamos influenciando as políticas públicas às mil maravilhas. Nem tudo eram flores na luta pelo empoderamento das mulheres e na luta de sua pauta de direitos, mas não tínhamos tantos retrocessos como nestes últimos seis anos; retrocessos que poderão levar a democracia a esmorecer. Não são somente as instituições que mantêm a democracia em pé. É também seu povo com homens que enxerguem a presença da mulher na política como um bem natural e necessário.
Hoje temos a presença da mulher na mais alta função política e temos as mulheres nas ruas fazendo coro por um governo competente e inclusivo. Fazendo coro a favor do impeachment da presidente por discordâncias políticas, econômicas e éticas. Esta forma de gestão de governo lulodilmapetista nos afeta desde o primeiro mandato. Além disso, as mentiras da candidata durante a campanha de reeleição nos envergonharam e nos deixaram sequelas. Não é desta forma que queremos ver a mulher na política. Queremos que ela traga uma nova forma de governar, que provoque a diferença no trato com a coisa pública e com políticas inclusivas a toda a população.
Estes motivos nos levariam às ruas qualquer que fosse o gênero do governante. Não perdemos e não perderemos o poder de indignação! Não somos e não seremos condescendentes com formas primárias de política.
E toda forma de machismo nos atinge e à nossa família, abala nossa dignidade e nossa luta contra todas as formas de agressão contra a mulher. Finalizamos gritando que a escuta legítima dos telefonemas da Operação Lava-Jato com o protagonismo da maior liderança petista e a imediata liberação das absurdas falas desnudou ainda mais a forma virulenta da República patriarcal e dos seus atuais dirigentes.
Nossa dignidade como mulher é a dignidade humana!
Coordenação Nacional de Mulheres do PPS
Março de 2016

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